Presos se
renderam após 14h de rebelião na penitenciária.
Governo não confirma número de mortos, mas diz que há mais de 10.
Governo não confirma número de mortos, mas diz que há mais de 10.
Fernanda Zauli e Fred CarvalhoDo G1 RN
Secretários Wallber Virgolino e Caio Bezerra participaram de coletiva em
Natal (Foto: Elias Medeiros/G1)
O Governo do
Rio Grande do Norte identificou pelo menos seis líderes da rebelião na
Penitenciária Estadual de Alcaçuz que durou cerca de 14h e deixou mortos. De
acordo com a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), o governo vai pedir a
transferências dos líderes para presídios federais. Outros detentos devem ser
transferidos ainda neste domingo (15) para outras unidades prisionais do
estado.
O Itep montou uma 'operação de
guerra' para receber os corpos. Uma carreta frigorífica foi
contratada para armazenar os corpos e legistas do Ceará e da Paraíba vão
auxiliar no processo de identificação. De acordo com o Itep, o órgão está
preparado para receber 100 ou mais corpos, se for o caso. No entanto, uma fonte
do governo informou que até a publicação desta matéria pelo menos 25 mortes
foram confirmadas. Oficialmente, o governo do RN diz que há 'mais de dez
mortos'.
Rebelião Alcaçuz RN - Arte (Foto: Editoria de Arte/G1)
O titular da
Sejuc, Walber Virgolino, informou confirmou que os presos do pavilhão 5
invadiram o pavilhão. "É impossível evitar mortes quando eles querem. O
pavilhão 4 tinha entre 150 e 200 presos. Não sabe precisar quantos
morreram", disse. Até a publicação desta matéria, a polícia já havia
entrado nos pavilhões 1, 2 e 3 e se preparava para entrar nos pavilhões 4 e 5
onde a situação já estava controlada.
Segundo ele, um
trabalho de contenção realizado por agentes penitenciários com o uso de bombas
de efeito moral evitou a entrada dos rebelados no pavilhão 1. "Em termos
de número de mortes essa é a maior rebelião da história do Rio Grande do Norte",
disse.
A Penitenciária
de Alcaçuz, segundo o governo, ficou parcialmente destruída e não há previsão
para reconstrução. Ainda na tarde de sábado (14) um detento fugiu da
penitenciária, mas foi recapturado em seguida.
A rebelião na Penitenciária
Estadual de Alcaçuz acabou após 14h20. Os detentos, que se
rebelaram às 17h deste sábado (14) (horário local, 18h em Brasília), se
renderam às 7h20 deste domingo (15) após a Tropa de Choque da Polícia Militar
entrar nos pavilhões. Segundo a Secretaria de Segurança, não houve troca de
tiros.
A rebelião
começou com uma briga entre presos dos pavilhões 4 e 5. Segundo o governo, a
briga estava restrita aos dois pavilhões. O pavilhão 5 é o presídio Rogério
Coutinho Madruga, que fica anexo a Alcaçuz. Há separação entre presos de
facções criminosas entre os dois presídios.
Tropa de Choque da PM do Rio Grande do Norte entra na penitenciária
estadual de Alcaçuz, na Grande Natal (Foto: Fred Carvalho/G1)
Um helicóptero
da PM auxiliou na operação, que envolve Choque, Bope e GOE (Grupo de Operações
Especiais). Às 6h20, era possível ver fumaça negra nos pavilhões e ouvir bombas
de efeito moral do lado de fora da penitenciária.
Alcaçuz fica em
Nísia Floresta, cidade da Grande Natal, e é o maior presídio do estado. A
penitenciária possui capacidade para 620 detentos, mas abriga cerca de 1.150
presos, segundo a Sejuc, órgão responsável pelo sistema prisional do RN.
Enquanto os
veículos entravam no complexo penitenciário, pessoas que estavam na porta
aplaudiam e vaiavam os policiais. Há familiares de detentos, que ontem à noite
tentaram furar o bloqueio policial, sem sucesso. Eles dizem que presos que não
estão envolvidos na rixa entre as facções estão pedindo socorro. Com panos
brancos, eles acenaram e pediram paz.
Durante a
madrugada, o tenente-coronel Marcos Vinícius, que comanda o Bope, disse ao G1,
por volta das 2h, que não houve negociação entre PM e presos. A madrugada foi
tranquila, sem tiros nem tumultos aparentes. O complexo ficou sem energia
elétrica desde a noite de ontem. Muitos tiros foram ouvidos e era possível ver
muita fumaça do lado de fora do presídio ontem.
Ontem à noite,
o secretário estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc), Wallber Virgolino,
afirmou que a determinação era retomar o controle do presídio. "A ordem já
foi dada: retomar o controle de Alcaçuz e evitar rebeliões em outras
unidades", afirmou Virgolino, que diz ter chamado todos os agentes
penitenciários que estavam de folga. O estado possui cerca de 800 agentes
penitenciários.
Blindado da Tropa de Choque da PM do Rio Grande do Norte entra na
penitenciária estadual de Alcaçuz, na Grande Natal (Foto: Fred Carvalho/G1)
Presos amanhecem no telhado da penitenciária, de Alcaçuz, a maior do Rio
Grande do Norte, em rebelião. Quando a Tropa de Choque entrou no presídio, eles
já estavam fora dos telhados (Foto: Fred Carvalho/G1)
Familiares de detentos aguardam em frente à penitenciária de Alcaçuz
(Foto: Anderson Barbosa/G1)
O motim
A rebelião começou por volta das 17h de sábado (horário local, 18h em Brasília. Segundo a presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Vilma Batista, homens em um carro se aproximaram do presídio antes da rebelião e jogaram armas por sobre o muro.
A rebelião começou por volta das 17h de sábado (horário local, 18h em Brasília. Segundo a presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Vilma Batista, homens em um carro se aproximaram do presídio antes da rebelião e jogaram armas por sobre o muro.
A Secretaria de
Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed) diz em nota que as
mortes são "resultado de uma briga entre facções rivais". Já o
governo do estado afirma que "'estão sendo levantadas informações acerca
do envolvimento de facções criminosas".
Auxílio
Em entrevista ao Jornal Nacional, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse que o combate ao crime organizado dentro dos presídios será intensificado. Sobre a rebelião, o ministro afirma estar "aguardando, eventualmente, o pedido de algum auxílio". "Obviamente, em havendo esse pedido, o auxílio será imediato”, afirmou Moraes.
Em entrevista ao Jornal Nacional, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse que o combate ao crime organizado dentro dos presídios será intensificado. Sobre a rebelião, o ministro afirma estar "aguardando, eventualmente, o pedido de algum auxílio". "Obviamente, em havendo esse pedido, o auxílio será imediato”, afirmou Moraes.
"O sistema
está superlotado há muito tempo. Eu costumo repetir que não há passo de mágica
pra solucionar um problema crônico no Brasil. É um problema que, governo após
governo, vem se ampliando", afirmou. "Nós temos aproximadamente,
hoje, 650 mil presos. Com um deficit de quase 300 mil vagas. Obviamente, isso
acaba tornando o sistema um barril de pólvora".
O governador do
Estado, Robinson Faria, afimou ter entrado em contato com o ministro, para que
o governo federal acompanhe a situação do Estado.
Presos se abrigam nos telhados da penitenciária de Alcaçuz (Foto:
Reprodução/Inter TV Cabugi)
A Secretaria de
Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed) emitiu nota afirmando
ter montado um Gabinete de Gestão Integrada (GGI) para executar as ações a
serem empregadas na rebelião do presídio de Alcaçuz.
"Já estão
no local o Batalhão de Operações Especiais (Bope), o Batalhão de Choque e a
Força Nacional para evitar mais confrontos e controlar a situação. Há registro
de mortes resultado de uma briga entre facções rivais", afirmou a
secretaria.
Rebeliões e fugas
A última rebelião em Alcaçuz foi registrada em novembro de 2015. Houve quebra-quebra após a descoberta de um túnel escavado a partir do pavilhão 2. “Assim que acabou a visita social, por volta das 15h, os presos se amotinaram”, disse o secretário de Justiça da época, Cristiano Feitosa.
A última rebelião em Alcaçuz foi registrada em novembro de 2015. Houve quebra-quebra após a descoberta de um túnel escavado a partir do pavilhão 2. “Assim que acabou a visita social, por volta das 15h, os presos se amotinaram”, disse o secretário de Justiça da época, Cristiano Feitosa.
Mais de 100 presos conseguiram
escapar do presídio no ano passado, em 14 fugas. A maioria
deixou o presídio por meio de túneis escavados a partir dos pavilhões ou por
buracos abertos no pé do muro, sempre sob uma guarita desativada ou sem
vigilância.
Força Nacional
Na segunda-feira (9), o Ministério da Justiça
prorrogou por mais 60 dias a presença da Força Nacional de Segurança no Rio
Grande do Norte. Os policiais enviados pelo governo federal estão atuando no
patrulhamento das ruas e podem atuar na segurança do perímetro externo das
unidades prisionais localizadas na Grande Natal.
A Força Nacional chegou ao
estado em março de 2015, durante a série de motins no sistema prisional do
estado, e o prazo de apoio poderá ser novamente prorrogado, caso
haja necessidade.
Presos se rebelaram na tarde deste sábado (14), em Alcaçuz (Foto:
Divulgação/PM)
Calamidade pública
O sistema penitenciário potiguar entrou em calamidade pública no mesmo mês, em março de 2015. Na ocasião, foram gastos mais de R$ 7 milhões para recuperar 14 presídios depredados durante motins, mas as melhorias foram novamente destruídas. Atualmente, em várias unidades as celas não possuem grades e os presos circulam livremente dentro dos pavilhões.
O sistema penitenciário potiguar entrou em calamidade pública no mesmo mês, em março de 2015. Na ocasião, foram gastos mais de R$ 7 milhões para recuperar 14 presídios depredados durante motins, mas as melhorias foram novamente destruídas. Atualmente, em várias unidades as celas não possuem grades e os presos circulam livremente dentro dos pavilhões.
Segundo a
Secretaria de Justiça e da Cidadania (Sejuc), órgão responsável pelo sistema
prisional do estado, o Rio Grande do Norte possui 33
unidades prisionais, que oferecem 3,5 mil vagas, mas a população carcerária é
de 8 mil presos - ou seja, o déficit é de 4,5 mil vagas.
Acre e Amazonas
Na quinta-feira (12), presos apontados pelos setores de inteligência do Acre e do Amazonas como líderes de facções criminosas chegaram à penitenciária federal de Mossoró, na região oeste do Rio Grande do Norte. Ao todo, foram 19 detentos que foram trazidos em uma operação especial para o presídio potiguar - 14 do Acre e 5 do Amazonas.
Na quinta-feira (12), presos apontados pelos setores de inteligência do Acre e do Amazonas como líderes de facções criminosas chegaram à penitenciária federal de Mossoró, na região oeste do Rio Grande do Norte. Ao todo, foram 19 detentos que foram trazidos em uma operação especial para o presídio potiguar - 14 do Acre e 5 do Amazonas.
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